Por incontáveis vezes esse rosto no
espelho olhou meus olhos como um eco do mesmo som de nojo que o dia faz quando
me levanta sempre cedo demais e viu que há sempre alguém disposto a abandonar o
sono certo e a cama quente por qualquer coisa além da porta. Por incontáveis
vezes esse espelho, retrato sem ciúme do que guarda, pôde pegar e soltar minha
imagem sem desejo de posse e sem controle, sem sofrer pelo alcance limitado, sem
pretensões de eterno ou de memória, sem se rebelar contra e o tempo e o espaço.
Aceitar a mudança e o esquecimento talvez seja a lição de todo espelho, que não
somente dá respostas óbvias, revelações daquilo que se busca: sugere reflexões a
cada vista, e sem a luz do instante não diz nada. Sua sabedoria é se adaptar.
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