domingo, 22 de julho de 2012

Uma visita tarde da noite


Rua, como toda rua.
O motorista não fala
nada, talvez sugestão
do meu silêncio cansado.
Possíveis memórias (vagas)
da visita anterior
não atravessam o vidro,
não com as cores da noite:
a chuva, do aeroporto
até a rua anotada
persiste sem se esforçar.
Ele para, eu pago e o prédio
tem o número que levo
mal rabiscado no verso
amassado de um recibo.
Eu esqueci o guarda-chuva.

Quando o interfone tocou
eu não podia saber
que seria inesperado,
que seria tão patético.

Vou só subir os degraus
esperando o velho rosto
do velho amigo. Campainha.

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