sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Uma visita tarde da noite (5)

— Isso não tem importância,
nem tem sentido nenhum.
Fica tarde como sempre
— Eu tenho certeza que ele
agora tá com mulher.
na mesa da madrugada
— Ele não precisaria
disso bem na noite que eu
baixa a lua das histórias
— uma qualquer num motel
ou apartamento alugado.
de amores velhos e esperas
— combinei com antecedência.
Não tem sentido nenhum.
que se repetem incertas
— Há muito tempo é assim,
como se fosse só vida
amargas e sem sossego.
— Olha eu não entendo dessas
coisas de casal, mas sei
Fica claro tarde como
— lá fora, no mundo aberto
e aqui dentro ausência simples.
sempre parece tão tarde.
— que não vou mais exigir
nada de ninguém
Fica tarde como sempre
— Ninguém mais sofre, só eu,
só eu, que sou tão burra
Na mesa da madrugada
— não sou a pessoa certa
pra você conversar disso.

Fica tarde como sempre
na mesa da madrugada
baixa a lua das histórias
de amores velhos e esperas
que se repetem incertas
amargas e sem sossego.
Fica claro tarde como
sempre parece tão tarde.

Fica tarde como sempre.
Na mesa da madrugada,
o pão quente das histórias
de amores tristes de dias
que se repetem incertos,
às vezes certos do fim.

Fica claro tarde como
sempre parece tão tarde.


Nada, talvez sugestão
do meu silêncio cansado.

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